Um médico húngaro, do século XIX, foi pioneiro da lavagem das mãos e acabou ostracizado num manicómio.
Se ele fosse vivo, ficaria provavelmente admirado por perceber que, hoje, vários milhões de pessoas lhe dão ouvidos.
Isto, porque naquela altura dele nem mesmo os médicos se preocupavam em lavar as mãos. A maioria dos seus contemporâneos nunca chegou a ouvir os seus avisos.
Os conselhos deste homem, que já foi descrito como um mártir em vida e um herói esquecido, só se tornaram uma boa prática muito depois da sua morte.
“É o tipo de coisa que, da nossa perspectiva do ano de 2020, nos faz pensar ao olhar para trás: ‘Como é que algo tão primitivo, básico e fundamental como lavar as nossas mãos foi visto de uma maneira tão negativa?’”
Em 1846, o médico Ignaz Philipp Semmelweis, exercia na maternidade do Hospital de Viena. Ele começou a notar que a taxa de mortalidade materna registada na enfermaria onde atuavam os médicos era muito superior à da enfermaria onde atuam as parteiras.
Esta facto intrigou-o de tal forma que ele começou a estudar todos os fatores que pudessem levar a esta situação. Mas por mais que investigasse a diferença tinha que estar entre o que faziam os médicos e o que faziam as parteiras.
Foi quando um colega morreu com os mesmo sintomas que matavam as mães, uma febre pós-parto, que Semmelweiss percebeu o que acontecia. O médico que morreu tinha-se cortado num bisturi durante uma autópsia. Os médicos faziam autópsias e depois iam fazer partos sem higienizarem corretamente as mãos, os médicos estavam a infetar as mães com as bactérias dos cadáveres.
Nesta altura as bactérias ainda não tinham sido compreendidas como agente patogénico, mas Semmelweis acreditava que os médicos que faziam autópsias deviam estar a espalhar à sua volta partículas invisíveis. Por isso, pediu a todas as pessoas que tivessem que examinar uma mulher na sala de partos para lavarem as mãos.
Em pousos meses a taxa de mortalidade caiu para números ainda inferiores aos da enfermaria das parteiras.
Mas podia o simples acto de lavar as mãos ser responsável pelo salvamento daquelas vidas? A alguns colegas de Semmelweis, soava simplesmente a loucura que a culpa fosse das partículas invisíveis nas mãos dos médicos.
“Ninguém quis pensar que a responsabilidade pela morte de todas aquelas mulheres era dos médicos”, “Ninguém gostou disso. Especialmente porque a enfermaria com as parteiras tinha uma taxa de mortalidade baixa, quando os médicos deveriam saber mais do que elas.”
Ainda para mais Semmelweis tinha um problema de comunicação e tinha alguma dificuldade em explicar porque é que lavar as mãos resolvia o problema. Os seus superiores ridicularizaram as suas ideias e ignoraram a sua investigação.
Infelizmente, é preciso uma situação como a que estamos a viver para darmos valor a algumas coisas que provavelmente apenas não compreendemos.
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Os conselhos deste homem, que já foi descrito como um mártir em vida e um herói esquecido, só se tornaram uma boa prática depois da sua morte precoce. Infelizmente, é preciso uma situação como a que estamos a viver para Semmelweis receber o que lhe é devido.
É o tipo de coisa que, da nossa perspectiva do ano de 2020, nos faz pensar ao olhar para trás: ‘Como é que algo tão primitivo, básico e fundamental como lavar as nossas mãos foi visto de uma maneira tão negativa?’
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